Explorando o Universo Neurodivergente
- Dr Luigi Fernando
- 2 de mar.
- 3 min de leitura
Atualizado: 2 de mar.
Já percebeu como os cérebros de diferentes pessoas percebem e interagem com o mundo de maneiras tão particulares e únicas? Essa riqueza e diversidade nos modos de pensar, sentir e vivenciar é o que torna nossa sociedade muito mais rica e interessante. Os termos neurodiversidade e neurodivergência frequentemente aparecem relacionados a essas diferenças na estrutura e funcionamento cerebrais, mas é comum surgir dúvidas sobre seus significados.

Quando falamos em neurodiversidade, estamos nos referindo a um conceito amplo e inclusivo que reconhece que existe uma grande variedade de cérebros com diferentes modos de processar informações e perceber a realidade.
Neurodiversidade é como a biodiversidade cerebral humana; reconhece e respeita que existem diferentes tipos de funcionamento neurológico na população humana como um todo, reforçando que essas diferenças são variações naturais da nossa forma de ser e existir no mundo.
Por outro lado, neurodivergência é um termo que se refere especificamente a características individuais ou a grupos específicos cujos cérebros funcionam de maneiras significativamente diferentes da maioria (neurotípica). Ao dizer que uma pessoa é neurodivergente, estamos reconhecendo que ela apresenta um ou mais transtornos ou condições específicas como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), dislexia, superdotação ou altas habilidades, entre outros. Isso não significa, porém, que a maneira neurodivergente seja inferior ou problemática. Significa apenas que existe uma maneira diferente e específica de se relacionar cognitivamente, emocionalmente, e de se expressar socialmente e sensorialmente diante do ambiente em que vivemos.
É importante frisar que a neurodivergência traz consigo diferentes potencialidades, características e desafios, que são importantes e precisam ser entendidos e valorizados. Pessoas com TEA, por exemplo, podem possuir uma capacidade excepcional para o hiperfoco – o que possibilita profundidade e intensidade em atividades que as apaixonam. Por outro lado, questões como dificuldades com regulação emocional, sobrecarga sensorial, tarefa de funções executivas complexas (organização, planejamento e tomada de decisão) e menores habilidades sociais podem ser desafios diários e reais na vida das pessoas neurodivergentes.
Ao compreender essas nuances, fica mais claro o motivo pelo qual a inclusão neurodivergente é fundamental, não apenas no contexto escolar, mas também profissional e social. A neurodivergência encontra-se diariamente com ambientes que muitas vezes não foram construídos para acolher essas diferenças – sejam eles sons altos, luzes intensas ou expectativas sociais rígidas que geram sobrecargas sensoriais e desafios emocionais em pessoas autistas, por exemplo. É dever da nossa sociedade acolher essas diferenças com respeito e criar oportunidades adequadas e sensibilizadas às necessidades específicas desses indivíduos.
Outro ponto relevante a ser abordado é que a neurodivergência pode incluir mais de uma condição simultaneamente (comorbidade). Muitas pessoas podem, por exemplo, apresentar concomitantemente TEA e superdotação (altas habilidades), vivenciando uma dualidade singular em que têm habilidades cognitivas muito acima da média, associadas a desafios relacionados à interação social, comunicação ou ao processamento sensorial.
Assim, voltando aos conceitos iniciais, fica claro que neurodiversidade trata-se do cenário amplo de diversidade cerebral que naturalmente encontra-se na população humana, enquanto neurodivergência diz respeito especificamente às pessoas ou grupos que apresentam funcionamentos cerebrais específicos, diferenciados e que merecem respeito e compreensão pela singularidade que trazem.
Reconhecer, apreciar e integrar as particularidades da neurodivergência na sociedade deve ser algo que fazemos diariamente e ativamente.
Ao acolhermos essas diferenças de maneira empática e compreensiva, damos um passo importante em direção à valorização da nossa diversidade humana – nos permitindo aprender uns com os outros, evoluir e crescer, como indivíduos e como sociedade.
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