Quetiapina
Detalhes:
Tipo:
Antipsicótico atípico
Classe:
Antagonista de receptores de dopamina e serotonina
Opções comerciais:
Referência:
Seroquel (AstraZeneca)
Similares:
Quetiapina (EMS): Comprimidos (25 mg, 100 mg, 200 mg, 300 mg, 400 mg)
Resumo da Medicação: Quetiapina
1. O que é a Quetiapina e como funciona?
A Quetiapina é um antipsicótico atípico (de segunda geração) amplamente utilizado no tratamento de transtornos psiquiátricos. Ela age bloqueando receptores de dopamina (D2) e serotonina (5-HT2A) no cérebro, o que ajuda a equilibrar os neurotransmissores e a reduzir sintomas psicóticos, estabilizar o humor e melhorar a qualidade do sono.
Além disso, a Quetiapina também interage com receptores histamínicos e adrenérgicos, o que contribui para seus efeitos sedativos e outros benefícios terapêuticos.
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2. Indicações principais
A Quetiapina é indicada para:
1. Esquizofrenia:
- Tratamento de sintomas positivos (alucinações, delírios) e negativos (apatia, retraimento social).
2. Transtorno Bipolar:
- Episódios de mania (isoladamente ou em combinação com outros medicamentos).
- Episódios de depressão bipolar.
- Manutenção do humor para prevenir recaídas.
3. Transtorno Depressivo Maior (TDM):
- Usada como terapia adjuvante em pacientes que não respondem adequadamente a antidepressivos.
4. Transtornos de Ansiedade Generalizada (TAG) e insônia (off-label):
- Utilizada em doses baixas devido ao seu efeito sedativo.
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3. Formas de administração
A Quetiapina está disponível em duas formas principais:
1. Comprimidos de liberação imediata:
- Liberação mais rápida no organismo, ideal para controle de sintomas agudos.
2. Comprimidos de liberação prolongada (XR):
- Liberação gradual do medicamento, permitindo uma única dose diária e estabilidade dos níveis sanguíneos.
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4. Efeitos colaterais comuns
Os efeitos colaterais da Quetiapina variam dependendo da dose e da sensibilidade do paciente. Os mais comuns incluem:
- Sonolência e sedação:
- Devido à ação nos receptores histamínicos.
- Boca seca.
- Tontura:
- Especialmente ao levantar-se rapidamente (hipotensão postural).
- Ganho de peso:
- Relacionado ao aumento do apetite.
- Constipação.
- Aumento dos níveis de glicose no sangue:
- Pode piorar ou desencadear diabetes mellitus.
- Alterações nos lipídios:
- Aumento do colesterol e triglicerídeos.
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5. Efeitos colaterais graves (raros)
Embora raros, alguns efeitos graves podem ocorrer:
- Síndrome neuroléptica maligna (SNM):
- Condição rara e grave caracterizada por febre alta, rigidez muscular, confusão e instabilidade autonômica.
- Discinesia tardia:
- Movimentos involuntários e repetitivos, geralmente na face e língua.
- Prolongamento do intervalo QT:
- Pode causar arritmias cardíacas em pacientes predispostos.
- Agranulocitose:
- Redução grave dos glóbulos brancos, aumentando o risco de infecções.
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6. Contraindicações
A Quetiapina não deve ser usada em pacientes com:
- Hipersensibilidade ao medicamento ou a qualquer componente da fórmula.
- Prolongamento do intervalo QT conhecido ou uso de medicamentos que prolongam o intervalo QT.
- Histórico de reações graves a antipsicóticos, como síndrome neuroléptica maligna.
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7. Posologia (doses comumente utilizadas)
- Esquizofrenia:
- Dose inicial: 25 mg, 2 vezes ao dia.
- Dose de manutenção: 300-450 mg/dia, divididos em 2 tomadas ou em dose única (XR).
- Dose máxima: 750 mg/dia.
- Transtorno Bipolar (mania):
- Dose inicial: 50 mg, 2 vezes ao dia.
- Dose de manutenção: 400-800 mg/dia.
- Depressão bipolar:
- Dose inicial: 50 mg à noite.
- Dose de manutenção: até 300 mg/dia.
- Transtorno Depressivo Maior (adjuvante):
- 50-300 mg/dia, geralmente em dose única à noite.
- Insônia ou ansiedade (off-label):
- Doses baixas (25-100 mg/dia) são frequentemente usadas, mas não são indicações aprovadas.
Nota: As doses devem ser ajustadas gradualmente e individualizadas conforme a resposta clínica e tolerância do paciente.
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8. Cuidados especiais
- Idosos:
- Maior risco de sedação, tontura e quedas. Doses iniciais mais baixas são recomendadas.
- Pacientes com diabetes ou risco de diabetes:
- Monitorar glicose no sangue regularmente, pois a Quetiapina pode aumentar os níveis de glicemia.
- Insuficiência hepática ou renal:
- Ajuste de dose pode ser necessário.
- Interrupção do tratamento:
- Deve ser feita de forma gradual para evitar sintomas de abstinência, como insônia, náusea e ansiedade.
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9. Interações medicamentosas
A Quetiapina pode interagir com:
- Depressores do sistema nervoso central (álcool, benzodiazepínicos):
- Potencializam os efeitos sedativos.
- Medicamentos que prolongam o intervalo QT (amiodarona, claritromicina):
- Aumentam o risco de arritmias cardíacas.
- Indutores do CYP3A4 (carbamazepina, fenitoína):
- Podem reduzir os níveis de Quetiapina no sangue, diminuindo sua eficácia.
- Inibidores do CYP3A4 (cetoconazol, ritonavir):
- Podem aumentar os níveis de Quetiapina no sangue, aumentando o risco de toxicidade.
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10. Perguntas Frequentes (FAQ)
Quanto tempo leva para fazer efeito?
- Os efeitos sedativos podem ser percebidos logo nos primeiros dias. Para sintomas psicóticos ou estabilização do humor, pode levar 2-6 semanas.
A Quetiapina causa dependência?
- Não causa dependência química, mas a interrupção abrupta pode levar a sintomas de abstinência, como insônia, náusea e irritabilidade.
Pode ser usada durante a gravidez?
- A Quetiapina só deve ser usada na gravidez se os benefícios superarem os riscos, pois há dados limitados sobre sua segurança. Consulte o médico.
É segura para crianças?
- Pode ser usada em crianças e adolescentes para certas condições, mas apenas sob supervisão médica rigorosa.
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Resumo Final
A Quetiapina é um medicamento versátil, eficaz no tratamento de esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão resistente. Apesar de ser bem tolerada, pode causar sedação, ganho de peso e alterações metabólicas. O uso deve ser sempre supervisionado por um médico, com monitoramento regular de possíveis efeitos colaterais e ajuste de dose conforme necessário.
Referências
Stahl, Stephen M. Fundamentos de psicofarmacologia de Stahl : guia de prescrição – 6. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019.
Cordioli, Aristides V. Psicofármacos : consulta rápida - 5. ed. - Porto Alegre: Artmed, 2015.
Goldberg, Joseph F. Psicofarmacologia prática - 1. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2022.