Imipramina
Detalhes:
Tipo:
Antidepressivo tricíclico
Classe:
Inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina
Opções comerciais:
Referência:
Tofranil (Novartis)
Similares:
Imipramina (EMS): Comprimidos (10 mg, 25 mg); Imipramina (Medley): Comprimidos (10 mg, 25 mg)
Resumo da Medicação: Imipramina
1. Como a Imipramina funciona no corpo
A Imipramina é um antidepressivo tricíclico (ADT), que atua aumentando os níveis de serotonina e noradrenalina no cérebro, neurotransmissores importantes para regular o humor, sono e emoções. Ela faz isso bloqueando a recaptação dessas substâncias pelos neurônios, promovendo maior disponibilidade delas nas sinapses. Além disso, a Imipramina tem efeitos em outros sistemas do corpo, o que pode explicar seus benefícios e efeitos colaterais.
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2. Indicações principais
A Imipramina é indicada para tratar:
- Transtorno depressivo maior (TDM): Tratamento de episódios de depressão moderada a grave.
- Transtornos de ansiedade: Incluindo ataques de pânico e ansiedade generalizada.
- Enurese noturna (xixi na cama): Em crianças acima de 6 anos, quando outras abordagens não são eficazes.
- Dor neuropática crônica (uso off-label): Como neuropatia diabética ou neuralgia pós-herpética.
- Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) (uso off-label): Em alguns casos específicos.
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3. Efeitos colaterais comuns e por que eles acontecem
Por atuar em diversos sistemas do corpo (além de serotonina e noradrenalina, também afeta histamina, acetilcolina e outros), a Imipramina pode causar efeitos colaterais. Os mais comuns incluem:
- Boca seca: Devido ao bloqueio dos receptores de acetilcolina.
- Sonolência ou sedação: Relacionada ao bloqueio dos receptores de histamina.
- Tontura: Pode ser causada pela queda de pressão arterial ao mudar de posição (hipotensão ortostática).
- Constipação: Também relacionada ao efeito anticolinérgico.
- Ganho de peso: Decorre do aumento do apetite e alterações no metabolismo.
- Visão turva: Provocada pelo efeito nos músculos oculares.
- Dificuldade para urinar: Devido ao impacto no sistema nervoso autônomo.
- Aumento da sudorese: Comum em alguns pacientes.
Efeitos mais graves (raros):
- Arritmias cardíacas: Devido ao efeito nos canais de sódio do coração.
- Convulsões: Em doses altas ou em pacientes predispostos.
- Síndrome serotoninérgica: Excesso de serotonina no cérebro, especialmente quando combinado com outros medicamentos serotoninérgicos.
- Ideação suicida: Risco aumentado em jovens e adolescentes, especialmente no início do tratamento.
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4. O que fazer a respeito dos efeitos colaterais
Aqui estão algumas dicas para lidar com os efeitos colaterais:
- Boca seca: Masque chicletes sem açúcar, beba água regularmente ou use substitutos de saliva.
- Sonolência: Tome a medicação à noite, se possível, e evite atividades que exijam atenção, como dirigir.
- Tontura: Levante-se lentamente ao mudar de posição.
- Constipação: Aumente a ingestão de fibras e líquidos, e considere o uso de laxantes suaves, se necessário.
- Ganho de peso: Monitore sua dieta e pratique atividades físicas regularmente.
- Visão turva: Normalmente é temporária, mas, se persistir, informe ao médico.
- Dificuldade para urinar: Relate ao médico, especialmente se for persistente.
Atenção: Procure ajuda médica imediatamente se apresentar sintomas graves, como dor no peito, batimentos cardíacos irregulares, confusão ou convulsões.
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5. Doses comumente utilizadas
As doses de Imipramina variam de acordo com a condição tratada, a idade do paciente e a resposta ao tratamento. Exemplos de doses incluem:
- Transtorno depressivo maior (TDM):
- Dose inicial: 25 a 50 mg por dia, geralmente à noite.
- Dose máxima: 200 a 300 mg por dia, dividida em 2 ou 3 tomadas.
- Enurese noturna:
- Crianças acima de 6 anos: 10 a 25 mg ao deitar, ajustada conforme necessário.
- Dose máxima: 50 mg por dia (para crianças menores de 12 anos).
- Dor neuropática crônica (off-label):
- Dose inicial: 10 a 25 mg à noite, podendo ser ajustada gradualmente.
Importante: A dose deve ser ajustada gradualmente, tanto para iniciar quanto para interromper o tratamento, sempre sob supervisão médica.
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6. Perguntas Frequentes (FAQ)
Quanto tempo leva para a Imipramina fazer efeito?
Os efeitos antidepressivos podem levar 2 a 4 semanas para serem percebidos. Para enurese noturna, os resultados podem aparecer em poucos dias.
A Imipramina causa dependência?
Não, a Imipramina não causa dependência química. No entanto, a interrupção abrupta pode causar sintomas de abstinência, como náusea, dor de cabeça, irritabilidade e insônia.
O que fazer se eu esquecer uma dose?
Tome a dose esquecida assim que lembrar, a menos que esteja próximo do horário da próxima dose. Nunca tome uma dose dupla.
É seguro usar Imipramina durante a gravidez?
O uso deve ser avaliado pelo médico. Pode haver riscos para o feto, mas o médico deve pesar os benefícios para a mãe e os riscos para o bebê.
Pode ser usada em idosos?
Sim, mas com cautela. Idosos são mais suscetíveis a efeitos colaterais, como tontura, sonolência e alterações cardíacas.
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7. Cuidados Especiais
- Evite álcool: O consumo de álcool pode aumentar os efeitos sedativos e o risco de tontura.
- Não interrompa abruptamente: A interrupção repentina pode causar sintomas de abstinência. Reduza a dose gradualmente sob orientação médica.
- Interações medicamentosas: Informe seu médico sobre todos os medicamentos que está usando, especialmente outros antidepressivos, sedativos ou medicamentos para o coração.
- Monitoramento médico: O médico pode solicitar exames regulares para monitorar a função cardíaca e ajustar a dose conforme necessário.
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Resumo Final
A Imipramina é um antidepressivo eficaz, amplamente utilizado no tratamento de depressão, ansiedade e enurese noturna. Apesar de eficaz, pode causar efeitos colaterais, especialmente no início do tratamento. É essencial seguir as orientações médicas, relatar qualquer sintoma incomum ou grave e nunca interromper o uso sem supervisão médica.
Referências
Stahl, Stephen M. Fundamentos de psicofarmacologia de Stahl : guia de prescrição – 6. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019.
Cordioli, Aristides V. Psicofármacos : consulta rápida - 5. ed. - Porto Alegre: Artmed, 2015.
Goldberg, Joseph F. Psicofarmacologia prática - 1. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2022.